quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Só cabe aceitar.

Encarou o espelho como se não se conhecesse
Percebeu o quanto envelhecera e estremeceu

Porque tanto tempo em tanta existência?
Será algum tipo de punição ou penitência?

Só se sabe que depois daqueles reflexos embriagados, tudo o que tinha parecia durar mais. Porque o medo do fim tem lá suas vantagens. Faz o homem mais rude cair em prantos de remorso. Faz a frieza da relação acabar em dois tempos. Mas nada ninguém pode querer voltar. Só cabe aceitar.

Falicidades.

A qualquer momento espero o telefone tocar pra ouvir aquela voz dizendo que sonhou comigo a noite inteira.

Mas a saudade é especialidade minha.

Especialidade minha.

Eu não sou nada mais do que um romântico frustrado que lamenta viver numa época de facilidades tão absurdas.

Facilidades se confunde com felicidades, mas deveria confundir-se com falicidades, que por sua vez lembraria falência.

rima irmã

Minha clara, minha princesa, minha querida.

Que âmbar é o dia sem você pertinho
Parece que as cores desbotaram em sépia

Fotografias remetem somente esperança
São como sorrisos sinceros em rostos de criança.

De onde eu vim não sabia nem qual era meu nome
Achei que estava bem alimentado, mas quase morro de fome

Faltava ar, faltava abraço, faltava alguém
Pensei em fugir, ficar sozinho, sem ninguém

Minha amiga está confusa, mas ela no fim sabe
Que no espaço vago desse desgastado coração ela cabe.

A fonte que brota água pura e faz barulho suave
Como o voo livre e leve de uma não tão simples ave.

Eu tive medo, pensei em sofrer também
Mas descobri que sou capaz de ficar bem

Exigi que meu mundo tivesse alguma razão antiga
E era nela que estava , na minha velha amiga.

Tão velha que vive em crise insana
E o seu nome rima com a última frase.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

sr. Nue

Nunca acreditei que pudesse ser real
Pensar no inimaginável é extraordinário

Segundos são eternos quando o tempo permite
São fragmentos de felicidade dentro de cada um
Assim como sorrisos bobos em comum
Parece bem pouco crível, mas existe.

Não posso resumir esse período curto
Pareço ser alguém realmente sortudo
Porque quando o tempo estava esgotando
Eu ceguei de frio, calei de medo, ouvi de surdo

Foi o quê de mais inimaginável
Desde o sorriso e pele impecável
À aparente frieza incalculável
Eis a bela moça excepcionalmente amável.

Banquete.

Chegaram os rapazes. Garçons diriam os franceses, o que é uma ótima analogia ao romance do qual trato de servir.

Trouxeram uma entrada simplista de curiosidade, entusiamo e ansiedade. Tudo estava calmo aquele dia. Atrasaram um pouco para salientar estes sabores... Ou talvez porque desencontraram do lugar combinado. A entrada já havia sido consumida, fora uma excelente introdução àquele casal que tanto queria descobrir o outro.

Logo após, trouxeram o prato principal. Era um prato bonito de interesse e encanto sincero acompanhado de timidezes interessantes. Aposto que o casal se deleitou com o prato e se satisfez com tudo o que concebera. Se dedicaram então a boas risadas e, assim como os franceses, viram uma história que se dizia ser de amor.

Por fim, a sobremesa estava servida. Depois de tantas surpresas, olhos, risos, vozes e cheiros, o casal se deliciou em um beijo suave como baunilha e intenso como noz moscada. Como bons amantes de doces, afirma-se, o mais sublime sabor da noite.

A frança invejaria aquela romântica noite. Apesar da culinária, o único alimento de que os dois trataram foi da alma, que agora estava repleta da felicidade servida por dois jovens corações. Coisa que sabemos, a França entende bem.

E não há melhor analogia do que a paixão os servindo aquela noite como garçons.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

APATIA

Foi tão de repente
Que eu mal senti a dor.

Foi tão rápido que eu fechei os olhos.

Quando abri não havia ninguém.

Fora sido como arrancar um dente.

Mas que a completa ausência só poderia fazer mal.

Então eu rapidamente desfrutei do desgosto de arrancar meu coração.

Para que fosse legítima a cura desses males que me acometem.

Me fiz forte na dor, ausente no amor, desamante da paixão.

Fui fraco na prova, fui forte de covarde, duvidei dessa tal sorte.

Porque agora não há mais mal.

Não há mais cor.

Não há amor.

Não há dor.

Nem mais o corte.

Não há mais nada.

Será mesmo alguém de sorte?

Corações de inverno.

Hei, moça recém descoberta.
Não esqueça vir
Sempre sorrir
Fechar a janela
Se encolher na coberta.

Não se esqueça do que deixou por aqui
Do que deixou para trás
Das coisas que traz,
Do que não vai sair.

Esqueça dos pesares
Das coisas da neve
Tente ser mais leve
Viver novos ares,

Não assine com giz
Não cometa algum crime
Seja mais sublime
Seja mais feliz.


A menos que seja a felicidade inexpressiva
Ao ponto de ter que sujar a mão,
Pulmões, rim e coração
Para que consiga ser viva.

Então duvide.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Olá, Passarinho.








Olá, passarinho.

Hoje eu assoviei com força, meus pulmões queimaram sem fôlego. Mas parece que meus timbres não se comunicaram aos teus.

Eu sei que fiz mal em tentar ter-te somente em mim, mesmo estando livre, sentia-se ferido e competentemente infeliz em se contentar somente comigo.

Olá, passarinho.

A tarde caiu e não te vi por aqui, parecia que estava visitando altas cachoeiras de água fria. Seu inverno é frio demais até mesmo pra mim, que penso amar a neve.

Eu sei que sempre sonhou em tão somente voar para onde quisesse sem ter plano de pernoite.
Penso que somente fiz bem em partir, não de seguir viagem, isto foi com você, eu parti foi meu coração ao te deixar ganhar o mundo.

Olá, passarinho.

Preste atenção que hoje não digo aos bem-te-vis. Estes já chegam todas as tardes e dormem bem pertinho de mim que é quando mais preciso.

Não estes, eu hoje estou prezando a outro. A um que eu não tive em gaiola alguma, mas que pensou que o mundo era pequeno demais e quis explorar novas paisagens.

Olá, Passarinho.

Tudo que eu quis saber sobre você hoje era se ainda se lembrava de qualquer companheiro fiel que já estivera em pleno voo em sua companhia.

Olá, Passarinho.

Talvez se lembre, talvez queira esquecer, porque quando enfim decidiu dobrar o vento, ganhar os céus e seguir pra longe, percebi que eu não estava a voar. Agora eu era árvore já grande, que não olhei pra baixo pra perceber que não era eu quem me movia, mas sim as nuvens sorrateiras que me confundiram.

Olá, Passarinho.

Espero que minhas piadas sejam suficientemente boas para ainda te fazer sorrir, para que eu possa também me enganar e me ver eu seu riso uma última vez, Para que não me veja espelhando esses tristes textos em outras tristes lágrimas.

Olá, Passarinho.

Somente não esqueça que eu não sei flutuar, estou enraizado aqui, e como árvore velha, somente recebo bons amigos, que se alimentam do melhor que tenho e depois ganham o mundo em felicidade. Me deixando com o amargo da despedida e os restos de doces frutos.

Se ao menos quisesse um pouco de sombra, eu saberia como oferecer.

Mas se nada posso fazer;

Adeus, Passarinho.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Ritmo e melodia.

Quiçá
Que será dos corações

Será
Que em meio à multidões
verei seus bagunçados de longe

 Em meio à cidade
Verei por entre as pessoas
o vento te esvoaçar
saber certamente onde

Entre toda aquela neve
sua pele destacar
Cintilar
pulsar em mim a batida

Mas você não faz
Nada quer mudar
O pouco que me traz
Só faz me atormentar

É o bolero mal cantado
Nas letras de bêbado poeta
Na voz o cantor mais rouco
Que nunca ouvira aquarela
Que tenta se fazer de louco

Para que assim se desencante de vez
Ou faça-me feliz
Como você não fez.


Em mim abatida
Em mim a batida
Em minha batida
Em minha
Minha
Tida
A ti

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Nem sempre

Não dê as costas para mim.

Não sou nem quero ser digno de fazer o mesmo.

Gostaria de ler seus lábios

Ou talvez tocá-los

Mas você se recolheu

Sem aparente razão

O mundo chorou um pouco mais

Nestes dias de sol

A dor me tocou

Diferente de você

Ela me faz companhia

E não me abandona nunca

Não é minha baixinha

Nem me faz sorrir

Mas que diferença faz

Se eu estou só

Faço mentir

Volto ao pó

Só respiro
Pois aqui
épequeno
demais
para
nós
2
.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Dia em que fui mais feliz.

Era um dia calmo, brando eu diria.
As nuvens passavam com calma, as árvores atrás de mim eram tão mais verdes
Dois sóis compunham nosso universo
Vi a represa ao fundo que mais me lembrava um rio
Tudo estava lentamente de passagem, e quando não, dançava lentamente ao som das batidas dos nossos corações.

Eu estava feliz, as amores eram doces de  amores, a luz não feria meus olhos, talvez os seus também não.

De lá pra cá eu quis esquecer dos detalhes. Porque toda a paisagem era disformemente concava.
Eram como espelhos seus olhos.

Agora não há mais ninguém que eu possa ver de perto o verde das árvores.

Nem o doce, nem o côncavo.

Apenas raios diretos. E eles machucam.

Solidez da solidão

Mas que pretexto tenho eu
Ser alguém de luz em meio ao breu
Do escuro mais sólido acostumei
Que de toda culpa há o meu nome
E cada erro teu tem outro meu

Sei que deveria ser
Mas já não sei viver espera
Ao lado teu somente eu
Mas não posso crer
Que você ainda é aquela
Que a gente viveu

Tenho doces dedos longos
Saboreio o próprio beijo
Aproveito todo o ensejo
Porque em versos bobos
Jogo fora o que era meu

E essa tua ausência forçada
Só me faz ferir profundo
O que machuca, mata
Só pra conhecer o mundo
Não percebe como me trata
Sabemos que um dia isso acaba
Mas, no entanto quero que saiba
Que eu sinto muita falta.

Portanto, prefiro abrir mão de seu egoísmo
Dou adeus aos lamentos teus
Coloco junto deles os meus
Não lamento seu cinismo
Nos meus olhos não têm cisco

Isso dói bem mais que um corte
Não é algo muito nobre
Ter tão pouco e tanta sorte
Dessa vez peço, não volte.

Pois com esta dor já me acostumei
Dormi pouco e já acordei
Tive muito pra dizer
Você quis me emudecer
Mas agora me calei.