Entardeceu, as gotas frias daquela chuva fina o acertavam com o leve sopro daquele ar gelado.
Ele estava sozinho, descalço com os pés mergulhados no lago. A água era quente e do horizonte enevoado conseguia enxergar o paraíso.
Um só passo e as pedras sob seus pés massageavam suas pegadas
Outro passo e a água encontrava suas finas canelas aliviadas pelo calor da água calma.
O vento era contrário, quase o impedia de prosseguir. Mas o moço insistia.
Mais um passo e a água o atingia acima do joelho.
Era confortável estar a caminho do infinito.
As gotas pulverizadas bailavam com o vento e encontravam o rapaz sem direção certa.
Um pulo e seu corpo ensopou, seus pés flutuavam distantes na imensidão
Seu corpo todo mergulhado e a torpeza o faziam enxergar melhor. Debaixo d'água sua visão não era pior do que a do nevoeiro lá fora.
E ele, sem saber a direção, se acalma até que seus pés se confortam no fundo.
Era escuro, mas quente. A pressão o fazia sentir dentro de um abraço afável. Aqui suas lágrimas se confundiam com a vastidão e ele não queria mais estar com ela.
Ele repousa por inteiro no fundo e curiosamente coleta para si um seixo.
De volta à paisagem do nevoeiro, vê-se o homem retornando a passos cansados de seu mergulho.
Deita exausto na margem e, em sua mão ainda firme completa de acaso, ainda traz consigo sua recompensa. A leva ao peito e se entrega à garoa fraca e gélida.
Seus olhos encontram nuvens de todas as cores, e em uma delas reconhece as cores dos olhos dela.
Ainda sentindo petricor, se arrepende por ter ido tão longe.
"Lamento, hoje não"
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quinta-feira, 9 de novembro de 2017
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
O Boticário
Os pássaros cantam saudando o primeiros raios de sol.
O senhor de pele pálida e frágil já está de pé observando a manhã que parecia mais especial do que as outras.
Parado em frente sua janela, respira profundo em pensamentos como se a impaciência o levasse ao tédio.
Se volta à mesa mais próxima com todos aqueles frascos cheios de contudo. São os mesmos erros efêmeros de sempre, mas seus elementos variam. Hoje o cítrico toma o ambiente, lá fora o mar revolto se balança e se lança nas rochas, diferente daquele quarto onde não há barulho que se não o das gotas destilando o aroma palatável de cor âmbar.
O boticário coleta seu menor frasco semi cheio, desfruta do perfume dele e, sob o arrebol que invade a janela, vê sua bela amada vestindo as cores intensas da aurora.
Ela sorri enquanto ele chora.
E ela se vai - tão rápido quanto vem - com a brisa que viajou do profundo oceano e a arrebata de volta num só instante.
Os pássaros calam. O mar descansa e o homem volta ao seu trabalho.
Mas antes sussurra para si mesmo “nos vemos pela manhã”.
O senhor de pele pálida e frágil já está de pé observando a manhã que parecia mais especial do que as outras.
Parado em frente sua janela, respira profundo em pensamentos como se a impaciência o levasse ao tédio.
Se volta à mesa mais próxima com todos aqueles frascos cheios de contudo. São os mesmos erros efêmeros de sempre, mas seus elementos variam. Hoje o cítrico toma o ambiente, lá fora o mar revolto se balança e se lança nas rochas, diferente daquele quarto onde não há barulho que se não o das gotas destilando o aroma palatável de cor âmbar.
O boticário coleta seu menor frasco semi cheio, desfruta do perfume dele e, sob o arrebol que invade a janela, vê sua bela amada vestindo as cores intensas da aurora.
Ela sorri enquanto ele chora.
E ela se vai - tão rápido quanto vem - com a brisa que viajou do profundo oceano e a arrebata de volta num só instante.
Os pássaros calam. O mar descansa e o homem volta ao seu trabalho.
Mas antes sussurra para si mesmo “nos vemos pela manhã”.
Assim fizemos
O amor era a felicidade
Era também a cumplicidade, o casal traduzido em seus sorrisos de verão
Nós sabíamos que podíamos abraçar o mundo. Sabíamos que a felicidade era só questão de querer,
E queríamos, e nos bastávamos no que construímos de nós.
Mas o mundo nunca foi justo,
A própria estrada sempre se mostrou mera vaidade do acaso e nos quis distantes.
E assim fizemos
Provamos que o amor é também deixar ir,
Mesmo que o mundo todo nos fizesse chorar
Ela me bastou para fazer sorrir.
Era também a cumplicidade, o casal traduzido em seus sorrisos de verão
Nós sabíamos que podíamos abraçar o mundo. Sabíamos que a felicidade era só questão de querer,
E queríamos, e nos bastávamos no que construímos de nós.
Mas o mundo nunca foi justo,
A própria estrada sempre se mostrou mera vaidade do acaso e nos quis distantes.
E assim fizemos
Provamos que o amor é também deixar ir,
Mesmo que o mundo todo nos fizesse chorar
Ela me bastou para fazer sorrir.
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