quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Nós desastrados

Quando os lábios acham que o mar tem outro sabor

Nos meus vem o mesmo de sempre


O mesmo sal, 

perene e desgosto final 

Mas o mesmo


Porque não ressignifico nada.


Se Belchior ganhou a luz da manhã 

De certo outra manhã terá Beto Guedes ou Lô Borges


Se o brilho da manhã tocou a  tez pálida dela

Quem sou eu para renovar aquele brilho. 

De certo que a luz da lua não fora ocupada, ou quem sabe uma brisa, uma folha de amoreira.


Eu, por outro lado, me sinto reescrito em uma linha ainda por escrever.

Forçado a nada, nem lembrança nem consideração.


Não sou mar

Não sou música

Nem história.


E escrevo como marca fraca resistindo a um forçado palimpsesto (palavra que descobri através dela).

E sigo som de meus ecos, pois ainda falo com as paredes.

"E o seu olhar distante e frio/ Hoje me diz bem mais sobre você/ Te perguntar sobre o seu dia /É tão difícil, você tem que ver/ Nem tudo que eu disser/ Talvez você consiga usar/ Algumas coisas não vão bem/ Não há motivo pra enganar/ Eu sei, tudo mudou/ Eu vi, você mudou demais".