terça-feira, 1 de outubro de 2013

alvorada mordaz

Sentei no cais com a calça dobrada até o meio de minhas finas canelas e balancei meus pés mergulhados naquela água límpida para descobrir que o balanço das ondas produzidas pelos meus movimentos se dissipavam enquanto longe ficavam dos meus pés.

Meus olhos já são frios como o mar, não enxergam o sol e tudo não está como foi.
Talvez eu tenha chorado meu próprio rio e por mera vaidade e consequência, acabe me afogando neste.

Minhas tardes tem sido ótimas, mas eu não estou tendo nenhum momento de paz.

Pela noite eu venho de encontro a mim para constatar minhas falhas e erros que sempre me assombraram e assombrarão, porque meus dias serão o que são e será sempre assim.

Inclino-me à frente de meu ponto de equilíbrio e quando decido me arrepender já é tarde, apenas  sinto a água arrepiando-me por sua superfície que me acaricia de baixo para cima rapidamente e por inteiro.

Embora gelada, meus pulmões ainda ardem e eu não posso me segurar em nada, apenas me entregar ao escuro que me assenta leve para me dar tempo de despedir da luz que vai ficando distante acima de mim.

 E é aqui que eu encerro minha pequena grande expectativa.

ora ora

o céu de maio já não traz nuvens carregadas de outrora
o tempo se diverte brincando conosco enquanto corre a hora
e santifica-se do ar que enche os pulmões agora
aqui dentro está tão fresco, mas insisto em brincar lá fora
a infância é doce que tem gosto de doce amora

e os sons que ninguém dubla é o som do desespero de quem chora.

seja no amor infiel ou na criança que chutou pra fora  a bola

e a criança que não quis se isolar por conta da catapora
chora num quarto escuro porque não aguenta mais a demora
pois perde a vida quem deixa sua criança ir embora

e a morte se apresenta no fim, como finda o dia a aurora.