Senti a brisa vindo do alto mar
tocar meu rosto. Naquele instante era bem-vinda. Avanço mais um pouco. A areia,
antes fofa, dá lugar à outra firme e úmida. A água fria toca meus pés me
convidando a entrar.
Segui bem-vindo confortável até
demais. O vento se adequou inconformado e soprou para me atingir, trazendo
consigo gotículas que me lembraram o sereno ou fina garoa das longas madrugadas.
O mar se agitou, parecia agora
desconfortável com a minha presença. O vento mudara o clima, o tempo e o mar se
arritmou.
Estava agora com a água até o
peito. A pressão sobre os meus pés era um afago, o frio parecia ser uma única
linha onde a flor da água tocava minha pele nua.
Me distraio
Tarde demais, vejo uma onda
quebrando sobre mim, seu agito violento, as escumas cândidas, a areia pálida, o
sol avermelhado e o sal demasiado.
Me afoguei por completo, esqueci
de molhar os punhos, perdi o controle.
A maré me levou ao raso.
Agora estou a salvo, mas dentro
de mim ainda há o gosto das desventuras do alto-mar.