terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Dos dias que não me cabem tanto

 Os dias passam e os dessabores vêm. Não há nada para dizer, apenas a angústia que é ter de suportar a rotina

O clique de um relógio, o interminável feed, as redes sociais, as notificações, propagandas e aquele eterno vazio no peito.

Me entupo de remédios para me suportar. e suporto por todo mundo, mas que mal é ter de ser assim para mim mesmo.

Ainda existem aindas, respostas que nunca virão porque algumas coisas na vida não existem respostas que não o costume de conviver com tudo aquilo que não queremos.

A imensidão parece tão mais calma que o silêncio do meu quarto, exceto pelas goteiras e pingos de chuva na janela.

Ligo o ventilador, o motor está velho e falta lubrificação, seu barulho cobre os outros. 

Assim durmo num caos que eu invento para inibir a ordem que me empurram garganta abaixo.

Mas, como eu ou a chama de uma vela fraca que se apaga, do escuro vejo de quando em quando um vagalume. Eu o pego, o salvo fora do meu quarto e em seguida me arremesso indelicado na cama como quem pedisse pra cair do 18º andar.

É insuportável observar tudo o tempo inteiro

Mas nunca ser o bastante

Ou o suficiente.