segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Apocarp

Ouça os sons que bradam do norte

São montanhas que se derramam no inverno

E que clamam nossos nomes nos eternos.

Ouça.

Tenho um coração acovardado de sentir
Mas que exposto ele trata de repetir.
 "Ainda vivo, ainda bato"
Eis o inverso do que sinto
posto que retumba e eu que abafo.

Hei de crescer estas raízes
E quando firme, viverei
Por ora somos livres
Pra que eu seja outra vez

Tenho tempo e tomo um canto
Como a vida em desencanto
Hei de colorir a estrada
Pra seguir entre meus galhos
Quais me deixarão sem farpas.

sábado, 11 de agosto de 2018

Uma bomba sobre Manhattan

Todas as pessoas que transitam por aqui se perdem dentro de si
E em meio à tanta pressa sobrepesa a idade de um senil.
E sobre seus corpos há o peso de um oceano azul escuro.

Os cães pretos que transitam livremente pelo condado não são sempre dóceis
Por vezes eles descansam, e quase sempre eles são ferozes.

Não arrisco.

Há tanta pressa e tanta gente que o próprio caos se mudou para cá.
Assim ele não necessita de motivo ou cansaço para atingir em cheio os corpos vazios.

Os lugares, as ruas. Há tanto barulho que não um só sequer que se possa distinguir.
É uma constância de absurdos. É uma falta de tolerância consigo mesmo que
o maior frio que aqui atinge vem de dentro de nós mesmos.

É como uma bomba atômica atingindo Manhattan para que sua quietude e inexistência dessem
lugar à paz por pelo menos um instante.

Eu só queria uma pílula que, como uma bomba sobre Manhattan, pudesse silenciar de uma vez por todas esse tormento instalado em mim.