sábado, 26 de janeiro de 2019

Como patinação no gelo

O tempo esfriou e o rio que corria por aqui congelou.

Agora mais parece uma estrada por onde as pessoas passam com pressa.

O lago congelado se tornou um palco convidando a um baile moderado.

Entretanto, o que aconteceu conosco foi que desordenamos pelo rio e, quando entramos no lago, nos dispensamos certa velocidade demasiada.

Das poucas vezes que nos encontramos, são efêmeras quanto um gole de Whisky na fila de uma boate qualquer.

São desencontros que temos em meio ao baile qual entramos sem escolha.

Continuo prestando atenção aos seus passos daqui. Mas desde agora eu só vejo, sem fazer parte dos seus passos.

Mas como sempre

E toda Crise

E tempestades

Eu espero.

Porque talvez seja inútil aprender a patinar sem sofrer nenhuma queda no caminho.

E eu já me caí tantas vezes que aprendi como levantar sozinho.

Estou ali caso realmente precisem.

Caso contrário, continuo observando cada vez mais distante em minha órbita.

nos sou

Vamos, entre. Não se acanhe!

A vida é justa para aqueles que não precisam dela.

Mas como sou apenas um desesperado, temo julgamentos prematuros.

Está tudo bem. O ar está mais limpo com as chuvas dos verões.


Já nem sequer os raios das tempestades me causam tanto medo.


Quase me esqueço. Gostaria de um pouco de leite gelado ou um café?


Eu sou péssimo em tratar visitas. Talvez por isso prefiro as pessoas que ficam.

Olha, quem diria. Depois de tanto tempo, minha quedas me ruíram o coração saudável.
Mas em seu lugar restou uma mente forte. E ela não se abala por quaisquer despedidas.


Não há nenhum controle aqui. Nenhum jogo. Apenas o que sou - que me tornei- deixando que sejam.


Ah! Claro, pegue o quiser. Tudo que possa carregar pode ser seu. Só deixe as coisas mais importantes como.. Talvez esse Ketchup ou meus limões.

Como assim já vai?! Eu não terminei de contar das minhas coisas.. Mas tudo bem, deixa. Acho que não interessam tanto quanto as coisas que você tem para não fazer agora. A porta está aberta, não esqueça de bater o portão quando sair, por favor.

E não se preocupe. sabe que o portão está sempre aberto. Só talvez eu não esteja aqui quando voltar, porque tenho tido muito mais compromissos do que os que gostaria.

Voltarei aos meu afazeres hordieiros.

Mas antes vou tomar um copo de leite gelado e, quem sabe, fazer um bom bolo de chocolate para acompanhar.

sábado, 5 de janeiro de 2019

A face esquerda dos retratos

Nós não nos comunicamos mais

São filmes que não compartilhamos

São músicas que não escutamos

São pessoas que não conhecemos

São lugares que não frequentamos

São momentos que não vivemos

São histórias que não contamos.

De fato, eu não me sinto menor.
Mas ainda egocêntrico o bastante para ditar que suas realidades já não me interessam.

Se um dia eu fui um porto seguro era porque, como uma árvore, eu estive enraizado
E como um ponto fixo no horizonte, eu fui diversas vezes marcado com cicatrizes
para que os viajantes audaciosos pudessem ter de onde partir ou se reencontrar.

Mas o desvelo que dispensaram de mim, me tornou, primeiro mais triste, mas depois mais forte.

E depois de tantos anos, eu estou me movendo.

Devagar, é verdade. Mas depois de tempo com a cabeça nas nuvens e os pés ancorados
a sete palmos no solo, estou me preparando para ficar. Mas não seguirei nenhum destes viajantes
que passaram por mim. Seguirei àquele monte em que o pico só eu pude enxergar pela perspectiva singular e privilegiada que tive enquanto eles vagavam tontos sob minha sombra.

Tenho certeza que por mais longe que eles pensam estar, não sabem como caminhar e nem tampouco para onde ir. Pois que estavam ocupados demais peregrinando, como formigas pelo solo, carregando folhas arrancadas de minha existência.

Mas eu, tendo enamorado tanto tempo este lugar, estou concluindo os últimos preparativos para alcançar o inimaginável.

É o começo de um novo ciclo. Quase como se uma nova era estivesse me soprando vida outra vez.

Não desperdiçarei meus dias com tantos lamentos. Pois quase me extirparam razões para amar

Por fim, não cessarei. Conhecerei cores das quais nunca ouviram falar.

E quem sabe, desta vez, eu não volte para contar.