quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Caducifólia

São Paulo, Dez horas.
Em algum lugar do meu quarto eu sei que esqueci um papel com os nomes dos livros.

Há um constante desconforto em mim, borboletas no estômago ilustrariam isso, mas estou longe de estar apaixonado.

Há também uma voz em minha cabeça sussurrando qualquer coisa, aquela agonia, um silêncio amedrontador. Talvez seja o calor, talvez seja o tal inferno astral.

Fato é que essa pressão quer me implodir ao mesmo tempo em que meu coração disparado e ansioso explode. E eu permaneço instavelmente estável.

Como se tudo que eu precisasse fosse um pouco de música boa para acalmar meus dias
Ou então uma piscina ligeiramente fria para amenizar o calor maldito.

Oi, tudo bem?

A falta que faz o interesse é recíproco. Ninguém se mantém firme o tempo todo. É até bom estar sozinho, mas se sentir sozinho é um veneno com gosto de framboesa.

Dez horas.

Tanta coisa por fazer e eu só sei me ocupar de infinitas preocupações que não me tiram do lugar.

Como se não bastasse o baixo desempenho na vida, tenho ainda a capacidade de dizer um ou dois, talvez seiscentos mil caracteres que pouco dizem o que eu realmente sinto.

Estou cansado

Estou cansando

Disposto a mudar de rotina, mas nada que me leve muito longe. Porque minhas raízes me mantêm firme, mas minhas folhas - cadúcias- se vão no inverno.

É o inferno, me disseram, é o inferno.


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Formigas no teto

As formigas andam sobre o isopor no teto e o crepitar de suas patas mais parece chuva boa

O farfalhar das árvores coladas em minha janela me lembram onde estou

Seria impossível não lembrar, mas se acontecer, me faço em um outro alguém.

Confesso que estar encantado acomoda sorrisos afáveis neste que está de coração aberto para receber seu calor.

No despertar da manhã, no silêncio velado sobre sereno e orvalho, eu creio que não falta no mundo nenhuma só cor.

Pois não há quem possa conter quando, como o sol no horizonte, é chegado o amor.