segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Como água para beija-flores

 Me peguei observando o céu durante o dia. Um beija-flor voou ao longe da paisagem e pousou livre num galho daquela árvore.

Lembrei de observá-los em companhia. Me lembrei da dona de olhos grandes e claros que me visitaram recentemente.

Fui até o nosso bebedouro de pássaros que de tanto tempo abandonado estava refém dos maus tratos do tempo.

Pois bem, eu o lavei e cuidei. Preparei a solução com pouco açúcar e pendurei na mangueira com a esperança de receber visitas bem vindas.

 De tantas visitas aguardadas, uma mexeu mais com o meu coração. Acredito que o fato de eu estar aqui escrevendo, pensando ou lembrando dela é fato para dizer que talvez eu ainda seja disposto aos romances.

Mesmo sabendo que meus finais são desastrosos, sempre insistirei em sorrir receptivo às emoções capazes de me inspirar a cuidar de mim e do meu lar. 

Como se repor o bebedouro ali fosse um passo importante para me identificar aberto e esperançoso de reviver.

E sigo bem, sentindo o coração reaquecido como se sua simpatia fosse alimento suficiente para movimentar um motor que eu acreditei estar enferrujado por desuso. 

É bom sentir isso novamente. E foi tão rápido que me restrinjo de ser tudo de uma só vez.

Quero ser aos poucos para não nos assustar com repentino golpe.

Ainda vacilo quando sinto seu cheiro em mim.

E até nos sonhos te encontrei. Mas feliz foi despertar ao lado teu.