quarta-feira, 29 de abril de 2020

Kronômetro

Já não sei bem dizer o que me ocorre com tanto tempo que flui como sangue em mim.

É como se eu soubesse que sou outra pessoa, que mudei e que as coisas mudaram também.

Veja que a distância virou rotina e as previsões de melhora são nada além de previsões.

O mundo de provou melhor sem as pessoas. É um triste mensagem ou presságio.

E em minha simplória evolução, condiciono o nada com o comum.
Sou o mais do mesmo registrado toscamente aqui com o eterno medo de ser esquecido.

E talvez por isso me adiante tanto. Porque a ansiedade não é um bicho de sete cabeças, mas um monstro como uma hidra que tem suas cabeças multiplicadas em cada corte.

Clepsidra. O tempo roubando nossa vida.

E meus passos na direção correta são sempre atos de um processo sem volta. Eu caminho para o mesmo lugar. Meu destino não muda com a troca de direção.

Sou um eu perdido no meu mundo, que agora é um pouco mais meu em razão de toda tragédia que o mundo se meteu.