terça-feira, 26 de junho de 2018

Perenes

estava nas notas desafinadas dos violinos

Estive nas cordas inflamadas dos vocalistas

Me fiz nos tambores frouxos dos percussionistas

E nas danças toscas das meretrizes

Fui poeta vago nas madrugadas

Fui amigo oculto em tempos difíceis

Era riso falso pra todo lado

Escondendo os olhos olhos tristes


Estive na corda arrebentada da guitarra

Estive na microfonia ensurdecente

Eu era a vontade que a todos agitava

A energia de uma banda adolescente


O que eu fui era a vontade da calada

De um silêncio presente

Numa alma encrustada

De um corpo ausente.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Ensaio sobre meu pai

Que dor é essa que te corta sem que eu nunca tenha visto?

Que dor é essa que escondeu o teu sorriso

As lágrimas que brotam dos teus olhos escorrem na minha pele

O motivo do meu rir, do meu viver hoje chorou

E o sol se escondeu porque não havia graça nenhuma nesse tempo louco.


Loucos tempos. Eu desperdicei tanto tempo em despedidas que não percebi a desgraça que faria.

Nunca mais eu vou embora só pra não atrapalhar mais sua alegria.

Hoje eu fico, amanhã eu vou embora

A vida é mesmo um instante

Então melhor viver agora

Porque a cada respirar do meu pulmão será só seu

Porque mais da metade do meu sorriso na verdade vem do seu.


Obrigado e me perdoe,

Você é o ser mais incrível que o mundo pôde provar.

Te ver triste me magoa

Mas hoje te deixo chorar.

Só não pense estar sozinho

Você nunca estará.

domingo, 3 de junho de 2018

Tão distante quanto meu sorriso

Febre que aduz o caos

Os casos secretos que nunca se consumaram

Me consumiram

E se foram sem despedidas.

Eu, que as odeio, senti falta de dizer adeus

Para encerrar as pontas sem nós

Sem laços

Mas não seria eu não fizesse tudo errado.