terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A linda moça da Rua Tupinimos.

"Só quero você"

"Quero você"

"Só sinto.."

"Gosto de você"

Sinto e luto para não me apaixonar
Agora não sei o que significa mais

Eu tento o tempo todo
Como se tentasse domar um corcel selvagem
E outra vez não entendi
que pássaros vão embora
e de novo, e de novo
a poesia se esvai.
E eu, marcado junto
como árvore que sou.
Tenho a cicatriz. ela que se foi
Mas dessa vez foi longe demais
Estou pronto para ir embora.
E, como sabem, uma árvore só se move com a queda.
E estou pronto para cair.
Já são tantas marcas neste velho cedro que apodreci por dentro.

Agora aguardo o raio que encomendei.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Toda a vida de um vagalume

Estava escuro e quente.
A noite estava quase tudo febril.

Mas uma luz piscava no infinito em que eu habitava.

um vagalume perdido, sua luciferina era como um enfeite de natal

Um pedido por se realizar, como se fosse uma estrela cadente.

Uma luz em meu olhar. O reflexo dos teus olhos.

E, num instante, se apagou para sempre.
Deixando em paz a saudade fria, mas também bonita de todo aquele porvir.

domingo, 15 de dezembro de 2019

Um novo girassol

Seus olhos cor-de-girassol (impossível de existir), fizeram as flores do meu peito desabrochar com aquele medo bobo de quem, antes de entrar numa piscina, teme a temperatura da água.

E eu, como quem não pudesse prever, me vi num compasso não ensaiado dançando sobre um túmulo de desafetos.

Eu senti as mãos suarem, o corpo arrepiar, o sorriso descontrolar.
Como se um peixe já fora do aquário ainda pudesse respirar.

E eu respirei seu cheiro que é perfume.

Vivi saudade apressada e horas corridas.

Quis te ter além de mim.

Segurei suas mãos inquietas como meus pés
E vivi ao o encanto da imaginação.

Seu encontro e minha ansiedade.

E agora seus olhos.... Que me provaram existir as tais cores-girassol.

Mas talvez, como sempre, só tenha me sido permitido viver para que hoje seja nostalgia e composição de letras frias.