terça-feira, 18 de setembro de 2018

Talvez assim você entenda

O preço que eu paguei por você talvez tenha sido oneroso demais

Eu paguei prestações que até hoje me deixam endividado.

Meu crédito inteiro fora consumido

E os juros são abusivos demais.

Não tive tempo de contratar um seguro

E talvez por isso eu tenha quebrado

Fato é que me tornei peça viciada

Uma engrenagem sem dente algum.

Eu giro, giro e não saio do lugar.

Talvez seja hora de ser substituído

Como toda peça danificada deve ser.

Então não venha fechar negócios.

Eu não sou mercadoria!
Sou defeito. Avaria.

Descartável e inútil

Um canalha!

Um traíra.

Vencedor de nada menos do que desprezo e água suja.

Resto afogado de uma mentira

domingo, 9 de setembro de 2018

Flor de gelo

Não à toa as flores de gelo desfazem quando se chega perto demais.

Nascem da torpeza do gelo, são elas o próprio coração do inverno.

E no menor sinal de calor, se derretem e liquefazem... Porque não há vida ali. Apenas aparência e clemência.

Elas existem, mas são proveitos de um sopro (divino ou não) que tão logo encontrarão o fim nos próximos verões.