terça-feira, 31 de agosto de 2021

Gênese

 Tomei aquela primeira porção, tomei bastante água.

Eu havia acordado duas horas antes do proposto, mas não fazia diferença, também não dormi nada a noite anterior.

Então sangrei a alma com o a violência que isso me invadiu. 

Meu corpo todo reagiu, talvez resistindo, querendo permanecer onde sempre esteve. 

E eu tonto em meio à guerra que se sucedia ali.

A dor não era mais emocional, mas sim física. Meu estômago embotado esperando a chance de um refluxo.

Me mantive, pálido e abatido. Mas permaneci. 

Sem que eu percebesse estava em órbita.

Nenhum pensamento capaz de me maltratar. Mas pensamento nenhum pra me distrair.

Fixo no abstrato, mantive o meu dia entre sonhos confusos e cheios de detalhes e a vida real.
Ao fim de que nem sei mais onde se divide.


Este foi só o início do fim da agonia

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Pomar

 po.mar sm Terreno ou área onde são cultivadas árvores frutíferas

E eu cultivo, cultivo..

A terra por aqui não anda nada fértil

Acho melhor mudar de ares...

Ou insisto mais um pouco?

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Aos meus saudosos e eternos raios de sol.

Um dia eu tive dois corações

Com eles eu podia enfim sorrir

Tive dias claros e bons que somaram um ano

A felicidade me visitou no tom de fogo de seus cabelos

(que por sinal, por vezes se confundia com seus olhos)

E nada mais parecia importar

O mundo estava acabando

Mas tínhamos um ao outro

Um abraço

Um beijo escondido aqui e ali

Um pet bem vindo iluminando tudo.


Nada pareceu querer terminar

E agora o que tenho 

permanece sendo um catado de saudades infinitas

Não cabem no peito

Dilaceram a alma

e dos caminhos possíveis, bom..

Queria ter de volta aquele primeiro dia da minha vida.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

A todos que navegaram em alto-mar

Me pergunto a razão de o terem abandonado

Teu balanço e tempestades trespassavam aquelas naus

A tripulação logo se enoja daquele ritmo

E buscam terra firme

Um a um, os indivíduos não retornam

E, abandonado em tempestades

O mar atormentado agora canta seus lamentos

A solidão

A torpeza 

A frieza

E evapora aos poucos

Aguardando os infinitos dias

As pouco mais de 13 horas de agonia

Quer agora adiantar seu fim

E voltar a ser vasto deserto

domingo, 22 de agosto de 2021

Do que foi restando de mim

Calma!
Respira!

O mundo não se desfaz sobre nosso pés enquanto pudermos caminhar

Respiro.

Há algo estranho esmagando meu peito. 

Meu coração se apequena junto da minha autoimagem

Respiro, tomo um gole d'água.


O quanto mudei?

Quem me substitui? 

Não tenho sequer um dia que seja inteiro

As pegadas do caminho que tracei se apagam 

E eu sou apenas um fantasma, um vulto, um favor, uma recordação branda.

E, de novo, meu coração dói tanto que volta a ser uma sensação física.

Sigo palavras boas para que eu possa fingir sorrisos a quem merece.

Mas cada vez mais incerto do quanto mereço.

Esqueci de respirar. Me precipitei e a angústia tomou conta.


Respiro, repito, calma! Respira!


terça-feira, 17 de agosto de 2021

Por falar em nós

 Eu não costumava ter dois travesseiros

Eu não costumava ter duas escovas de dente 

Eu não costumava dormir com tantas cobertas

Eu não costumava dividir meu lanche

Não costumava tomar café da manhã

Não costumava partilhar meus doces

Não costumava à outra rotina

Não costumava dormir meu braço abraçado em você

Não costumava ter duas toalhas

Não costumava o chuveiro tão quente


Mas agora me dou conta que costumava ser feliz


E agora me adapto, pois a cama é vazia demais

As noites são frias demais

O café perdeu o sabor

Alguns dias são longos

Outros quietos demais

Não há abraço

Beijo ou Sorriso


E o que mais faz falta é ter agora um só coração

Que não se acostuma com a falta que o outro faz

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Não há nada demais, só estou cansado

.

Não há mais o que fazer

Não há mais roupas espalhadas pelo chão

Não há o calor de um abraço sincero

Não há risadas comuns e recíprocas

Não há mais planos nem adiamentos

Não há mais qualquer tipo de controle

Também não há mais suas anotações entre as minhas

Não há mais divisões de espaço

Não há mais o que dividir

Não há mais idas conjuntas ao mercado

Não há mais fones roubados

Não há mais meias emprestadas

Já não há disputa pela tomada da cama

Não há banhos quentes nem frios

Não há mais espaço para nós aqui

Não há sua voz de melodia

Não há carinho, senão o seu

Não há guloseimas partilhadas

Não há karaokês ou bebidas

E eu já não caibo em mim


Há apenas uma infinita saudade que começou antes mesmo do adeus

Mas já não há palavras que traduzam a falta que sinto desde logo e sempre.


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