Das raízes de meus pés aos rasantes de meus pensamentos.
Talvez eu seja um vampiro
Pode ser porque eu troco o dia pela noite
Talvez por não gostar do sol e preferir os dias frios ou chuvosos
Pode ser porque tenho afiados caninos
Ou então essa palidez seja excessiva
Pode ser que eu não aparente ter tanta idade
Ou porque desde que você foi embora levou consigo meu coração
Meu bem
Eu fugiria pra Argentina com você
E na viagem escutaríamos Belchior
Sei que brigamos muito
E sei que há algo te incomodando
Só espero que não demore
E volte logo
E quando voltar, saiba que cuidei do Jardim
Cultivei livros
Varri a casa e bati a cama antes de deitar
Saiba que te amo
Mesmo tentando não amar
Eu não vou mudar não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
Não vou ceder
Deus vai dar aval sim
O mal vai ter fim
E no final assim calado
Eu sei que vou ser coroado rei de mim
Quando ela volta para casa
A porta se abre sozinha
Os pássaros cantam
O sol invade a janela
O vento brinca no jardim
O meu dia ganha cor.
Mas ela não volta
Nem há de voltar
O que tenho
É a vontade de sentir florescer o peito
Até que as raízes completem o espaço
que hoje é só saudade.
Te dei Saturno, suas luas e anéis
Durma bem, já é hora de deitar.
Não posso velar teu sono
Não posso te despertar
Mas é hora de sorrir
E viver enquanto a vida permitir
Há tantas outras luas e estrelas no céu
E por onde quer que esteja
Sei que alguma deve estar vendo nossa luz no passado
E nele ainda somos nós.
Somos uma só manhã
E nela ainda tomamos café juntos
Te dediquei todas as músicas
Todo meu tempo
E agora eu vivo perdendo hora
Talvez seja coisa de algum astro retrógrado
Ou talvez um capricho cruel do nosso destino
Mas sigo contemplando os dias mais bonitos,
As estrelas mais brilhantes,
Os primeiros raios de sol.
Eu saúdo a esperança
De que mesmo que eu tenha que esperar um ano inteiro de Saturno
Você possa vir ao final dele dizer que o grande amor da sua vida estava aqui o tempo todo
E então eu saberei que todas as flores que percebi pelo caminho
Foram tão somente para poder te entregar nesta amanhã.
Sou um corpo triturado
Um coração dilacerado
Tudo ainda dói
Sua ausência está presente até mesmo no cobertor que deixei de usar
Tolice. O tempo não é capaz de manter seu cheiro aqui como eu queria.
Minha rotina perdeu toda a graça
Eu me perco em diversos corpos, bocas e beijos
Mas nenhum parece fazer sentido
É como se eu dissesse sobre Belchior sem mais nem menos
Apenas pelo tédio.
Pobre idiota sedento por ter mais de um coração.. Pois este nunca bastou.
