Nós não nos comunicamos mais
São filmes que não compartilhamos
São músicas que não escutamos
São pessoas que não conhecemos
São lugares que não frequentamos
São momentos que não vivemos
São histórias que não contamos.
De fato, eu não me sinto menor.
Mas ainda egocêntrico o bastante para ditar que suas realidades já não me interessam.
Se um dia eu fui um porto seguro era porque, como uma árvore, eu estive enraizado
E como um ponto fixo no horizonte, eu fui diversas vezes marcado com cicatrizes
para que os viajantes audaciosos pudessem ter de onde partir ou se reencontrar.
Mas o desvelo que dispensaram de mim, me tornou, primeiro mais triste, mas depois mais forte.
E depois de tantos anos, eu estou me movendo.
Devagar, é verdade. Mas depois de tempo com a cabeça nas nuvens e os pés ancorados
a sete palmos no solo, estou me preparando para ficar. Mas não seguirei nenhum destes viajantes
que passaram por mim. Seguirei àquele monte em que o pico só eu pude enxergar pela perspectiva singular e privilegiada que tive enquanto eles vagavam tontos sob minha sombra.
Tenho certeza que por mais longe que eles pensam estar, não sabem como caminhar e nem tampouco para onde ir. Pois que estavam ocupados demais peregrinando, como formigas pelo solo, carregando folhas arrancadas de minha existência.
Mas eu, tendo enamorado tanto tempo este lugar, estou concluindo os últimos preparativos para alcançar o inimaginável.
É o começo de um novo ciclo. Quase como se uma nova era estivesse me soprando vida outra vez.
Não desperdiçarei meus dias com tantos lamentos. Pois quase me extirparam razões para amar
Por fim, não cessarei. Conhecerei cores das quais nunca ouviram falar.
E quem sabe, desta vez, eu não volte para contar.
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