Entardeceu, as gotas frias daquela chuva fina o acertavam com o leve sopro daquele ar gelado.
Ele estava sozinho, descalço com os pés mergulhados no lago. A água era quente e do horizonte enevoado conseguia enxergar o paraíso.
Um só passo e as pedras sob seus pés massageavam suas pegadas
Outro passo e a água encontrava suas finas canelas aliviadas pelo calor da água calma.
O vento era contrário, quase o impedia de prosseguir. Mas o moço insistia.
Mais um passo e a água o atingia acima do joelho.
Era confortável estar a caminho do infinito.
As gotas pulverizadas bailavam com o vento e encontravam o rapaz sem direção certa.
Um pulo e seu corpo ensopou, seus pés flutuavam distantes na imensidão
Seu corpo todo mergulhado e a torpeza o faziam enxergar melhor. Debaixo d'água sua visão não era pior do que a do nevoeiro lá fora.
E ele, sem saber a direção, se acalma até que seus pés se confortam no fundo.
Era escuro, mas quente. A pressão o fazia sentir dentro de um abraço afável. Aqui suas lágrimas se confundiam com a vastidão e ele não queria mais estar com ela.
Ele repousa por inteiro no fundo e curiosamente coleta para si um seixo.
De volta à paisagem do nevoeiro, vê-se o homem retornando a passos cansados de seu mergulho.
Deita exausto na margem e, em sua mão ainda firme completa de acaso, ainda traz consigo sua recompensa. A leva ao peito e se entrega à garoa fraca e gélida.
Seus olhos encontram nuvens de todas as cores, e em uma delas reconhece as cores dos olhos dela.
Ainda sentindo petricor, se arrepende por ter ido tão longe.
"Lamento, hoje não"
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