Parou em frente sua casa
De pés firmes no chão, olhou para cima
Avistou o quanto perdeu quando partiu
Um súbito de ansiedade e pavor o invadiu
Ele sabia que o confronto estava próximo
Mas ao invés de lamentar, sorriu
Adorava lidar com seus internos indesejos
Era como se tudo que pudesse ter
Não passasse de mero ensejo
Do que viria a seguir mudar a si mesmo
Tocou os portões enferrujados daquela casa
Orvalho em suas mãos, o portão rangia
A casa o observava de forma sombria
E o seu peito antes quente, agora fervia
A vontade de entrar era irromper seu medo
Sua difícil escrita não foi suficiente
Sufocou o ímpeto e tentou ser paciente
Porque não tinha tempo por ter partido cedo
O barulho constrangedor do ranger estridente
Abriu-se em memórias resgatadas de um mundo acabado
Vagou por este lugar que já a muito havia abandonado
Ao redor, sementes infrutíferas d'uma árvore descontente,
Onde foi-se perder no infinito em sua mente
Enevoado, úmido onde um repousa e outro habita
Não entrava aqui porque queria
Observava o quintal sem saber pr'onde ia
Até a torre que ascende a alma, onde o corpo precipita
Fronte o desastre iminente, cerrou os olhos, aprendeu a voar
Pois que livre e leve, as paisagens mudam
Campos florescem e lagos inundam
Agora na casa permitiu-se adentrar
Despido do corpo que descansa nos jardins do lugar.
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