terça-feira, 8 de março de 2016

Malte quer.

Sua seiva doce rara
talvez foi desperdiçada

Tiraram o puro malte da safra
e distribuíram de graça

Fora para mim como agonia
Não acostumado a perder
Me perdi em euforia
Virei num gole só
Senti a garganta arder

Ardi também em febre
Sorri de falso alegre

Quanto ao malte, virou vinho
O destilado fermentou
Deste lado se fomentou
Que me esqueceu aqui sozinho.

A fruta podre foi pisada e curtida
A bebida mais barata
Foi dada e não vendida
Ainda não viram prejuízo
Por isso não se diz arrependida.

Pois de zonzos não pensaram
ébrios e sãos se juntaram
Numa valsa, então, dançaram
Num jantar de despedida

Mas depois de tanto rir
De cansaço desmaiaram
Depois ainda, foram sorrir
Perceberam o que não notaram
No meio daquela valsa
muita coisa eles deixaram,
O tempo passou depressa
E então arrependidos,
De tristeza eles choraram


O doce de qualquer vinho só tenta disfarçar o gosto amargo e violento do álcool. Parece bom no começo, ou faz bem para os mais sofisticados. Mas é sempre quente, faz queimar quem não sabe apreciar sua beleza sem ter necessidade de ter uma adega por noite.


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