domingo, 24 de julho de 2016

Trecho de tragédia

Não podemos afirmar exatamente do que se trata - Disse o Doutor guardando as coisas numa caixa.
-Não pode ser um caso de gripe?
-Escute, em toda a minha carreira, nunca me deparei com algo tão forte e lento. Me parece muito mais com uma infecção. No entanto, isso não faria sentido.

-Caminharam juntos pelo corredor deixando Ana aos cuidados da criada. Ao se afastarem do quarto, Roberto parou Dr. Ivan e indagou:
 -Você não pode salvar minha mulher?
-Veja, Roberto. -prosseguiu o doutor. - eu não faria nenhum alarde no seu caso, mas estaria pronto para o pior.

-Com estas palavras em mente, Roberto não precisou dizer mais nada, se calou dali em diante e sua feição responderia qualquer despercebido. Sua feição era de luto antecipado. A amargura de um amor despedaçado.

...


Em poucos dias enterravam Ana. Abraçado de seu filho, Roberto continuava em seu silêncio sólido. Era assustador e frio. Parecia que estava enterrando parte de si mesmo, que sua voz tinha sufocado seus pulmões. Nada mais voltaria a ser como era. E o pobre Estefan não poderia ter previsto.

Uma semana após o falecimento de sua mãe, seu pai fora encontrado morto em seu quarto, que agora parecia menos silencioso do que antes, pois as janelas abertas faziam se ouvir o vento brincar no cômodo. Não fosse o cadáver estendido, todos concordariam que era um momento de paz.

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