sexta-feira, 25 de março de 2016

Some tempo.

Estou de luvas
são lindas, couro e pelica
Mas de que adianta,
Aqui faz calor, ninguém liga

É tudo tão comum e tão fútil
Você, que preferia ser tão útil

O amor se desfez em chuva de palavras
Senti colorir seu corpo poesia
Mas não percebi a heresia
De romper com minhas travas

Me libertei de tudo, tomei toda a atitude
Como se soubesse de fato lidar
Com o que de fato nunca pude

Eu sei que me desrespeitei
Em minha encolha, espionei

Vi de pertinho, senti o cheiro
O gosto, a saudade, o monstro
que me tornei.

Olhei pra baixo e adoeci
Deixei tudo bem ali, e se foi
Ela se foi, de vez, de fato


Não foi como nos meus sonhos, em que ela viajava e nada daquilo era real. Ela voltou pra não voltar.
Eu não disse adeus, mas suas intenções foram tão claras quanto sua pele, que eu gostava de acariciar enquanto dormia.

Seus atos foram tão ruins quanto o gosto que eu temi tanto experimentar, talvez pior.

Suas palavras foram conscientes como um cálculo de trajetória. Eu era um empecilho no caminho e fui chutado.

Seus desvios mostraram o caminho que realmente interessa.

Eu já nem sei como dizer o quanto é desagradável estar sendo levado por um rio de mentiras.

Me sinto inerte. Espero me afundar, porque se eu chegar ao fundo, terei algum referencial.

Digo, em água de verdade, não em seus olhos transparentes, sóbrios, brilhantes cristal.

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