sexta-feira, 21 de junho de 2024

Como metais e transições

 Esperara que as pessoas se movimentem sozinhas (ou que tenham um pouco mais de energia para alcançar os lugares que lhe são de direito) as vezes é demais.

É como um metal retorcido diversas vezes e está no limite do seu ponto de estresse. Apenas mais um movimento e ele rompe, quebra definitivamente.

exigir um movimento maior do que podem, exigir que façam apenas mais um pouco, que tomem mais uma condução, que se frustrem com mais uma prova, que não sejam aceitos em determinado lugar pode ser o último movimento para que cheguem em um ponto de não retorno.

Fazer parte de algo maior do que eu me faz acreditar que posso evitar essas movimentações.

Aprendi a fazer as pessoas acreditarem em si. Aprendi a acreditar também.

E é quase absurdo pra mim acreditar que estou feliz.

Porque venho de um lugar de sobrevivência em que eu era ameaça, vítima e salvação ao mesmo tempo.

E me admiro em saber que estou feliz e sei o que estou fazendo.

Não era normal alimentar nada de bom em mim. 

E me cercar de pessoas incríveis me impulsiona a ir ainda mais longe.

Precisei me encontrar pra entender a vida como é.

E com toda insegurança do mundo me valho de um fardo brocado que carrego... Sei viver contradições.

Porque talvez eu mesmo seja uma.

E por isso não quebro, mesmo se testado até o fim.

   

sexta-feira, 24 de maio de 2024


 Bola - Eu Sinto Tanta Falta de Você

Eu sinto tanta falta de você/ De tudo o que você me fez pensar /Eu sinto tanta falta de você/ Não consigo compreender/ Não consigo não falar/ Eu sinto tanta falta de você/ Que eu minto pra mim mesmo sem parar/ Que eu já não penso mais, que eu superei/ Minto tanto pois talvez/ Eu consiga acreditar/ Eu sinto tanta falta de você/ Que às vezes não me deixo te deixar/ Eu sinto tanta falta/ Que não sei lidar com essa falta/ Que não quer botar essas coisas no lugar/ Eu sinto tanta falta de você/ Que até pensei em ir te procurar/ Mas sinto tanta falta que talvez/ Eu te encontre por aí/ E não tenha o que falar/ É que eu te amo.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Nós desastrados

Quando os lábios acham que o mar tem outro sabor

Nos meus vem o mesmo de sempre


O mesmo sal, 

perene e desgosto final 

Mas o mesmo


Porque não ressignifico nada.


Se Belchior ganhou a luz da manhã 

De certo outra manhã terá Beto Guedes ou Lô Borges


Se o brilho da manhã tocou a  tez pálida dela

Quem sou eu para renovar aquele brilho. 

De certo que a luz da lua não fora ocupada, ou quem sabe uma brisa, uma folha de amoreira.


Eu, por outro lado, me sinto reescrito em uma linha ainda por escrever.

Forçado a nada, nem lembrança nem consideração.


Não sou mar

Não sou música

Nem história.


E escrevo como marca fraca resistindo a um forçado palimpsesto (palavra que descobri através dela).

E sigo som de meus ecos, pois ainda falo com as paredes.

"E o seu olhar distante e frio/ Hoje me diz bem mais sobre você/ Te perguntar sobre o seu dia /É tão difícil, você tem que ver/ Nem tudo que eu disser/ Talvez você consiga usar/ Algumas coisas não vão bem/ Não há motivo pra enganar/ Eu sei, tudo mudou/ Eu vi, você mudou demais".

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Expresso em número et ceteras

"Tic tac, tic tac... U-uuuuu"

Tica tac. A onomatopeia que se relaciona ao tempo.

Mas não é o som de um relógio.

É um som de um trem desgovernado que não escolhemos embarcar.

Não sabemos quando compramos a passagem

Também não sabemos seu destino.

Alguns passageiros desembarcam ao longo da viagem e você nunca saberá se poderão se reencontrar. 

E caso tenha sorte, não podemos saber em que lugar será esse encontro. 

As paisagens, como as pessoas, vem e vão. 

Lugares lindos, engraçados, belos, infinitos, inspiradores e nostálgicos. 

Mas o que guardamos delas é aquilo que temos quando fechamos os olhos.

Um cheiro, uma imagem, a voz num arpejo.

O que fazemos da viagem pouco importa. Todos os passageiros estão perdidos esperando alguma resposta. 

Alguns ditam que o fim é o começo, outros que o expresso é uma ilusão.

Mas o tempo segue como uma locomotiva lenta e poderosa, derrubando a pele sob os olhos, enrugando os lábios e tornando flácido o que era tonificado.

Eu, um mero transeunte não sei como esperar. 

As estações passam por mim e eu vejo o carrossel da vida indo e vindo.

Ora me levanto, passeio nos corredores. Me divirto com outros tantos loucos.

Mas nunca me esqueço de que eu queria mesmo era tomar o controle desse lugar e fazer meu próprio caminho.

De repente saltar do trem em movimento, cair de pé em uma carruagem e, como um bandido faroeste, fazer de tudo uma grande aventura.

Mas eu seria demais pra mim.

Eu afogo meus devaneios, fecho a cortina e tento cochilar no embalo do seu balanço.

E tão logo me esqueço do futuro. 

Assim posso sorrir para mim mesmo. 

Eu, meu eterno companheiro atemporal.


   

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Ecos dimensionais

 Meu amor


Eu sei que te magoei.


E eu fiz isso por estar à deriva, mas ancorado em alguém que não navega mais comigo


Não aprendi nada. O motivo dela ter partido foi exatamente o mesmo. 


Eu não sou de amores tranquilos


Acho que as vezes o baque das emoções são as únicas maneiras de eu me sentir vivo.


Mas também acho que sou uma mentira, porque eu me sentia vivo quando navegávamos em alto-mar.


Bom, me recuo ao lugar de nada esperando que numa outra dimensão nossos ecos ainda sejam felizes juntos sem nenhum trauma, dor ou desespero que vivemos por aqui.


E eu assistiria esses ecos como um filme de final feliz que eu me alegrasse com a esperança de um dia sermos nós a terminar juntos.


Bobeira, eu sei.


Mas a falta as vezes pesa mais do que uma simples rotina tediosa.


A minha fuga não está na rotina, mas nos lugares seguros que eu posso ser eu mesmo e desabar do acumulo de ser alguém tão dorido.